terça-feira, 24 de fevereiro de 2009


Tem gente que já tá com o pé na cova
Não bebeu e isso prova
Que a bebida não faz mal
Um pro santo, desce o choro, a saideira
Desce toda a prateleira
Diz que a vida tá legal

Tem gente que detesta um pileque
Diz que é coisa de moleque
Cafajeste ou coisa assim

Mas essa gente
Quando tá com a cara cheia
Vira chave de cadeia
Esvazia o botequim

Eu bebo sim Eu tô vivendo
Tem gente que não bebe
E tá morrendo.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Aqui estou


Atirei um limão n’água
e caiu enviesado.
Ouvi um peixe dizer:
Melhor é o beijo roubado.

Atirei um limão n’água
mas perdi a direção.
Os peixes, rindo, notaram:
Quanto dói uma paixão!

Atirei um limão n’água,
antes atirasse a vida.
Iria viver com os peixes
a minh’alma dolorida.

Atirei um limão n’água,
pedindo à água que o arraste.
Até os peixes choraram
porque tu me abandonaste.

Atirei um limão n’água,
de clara ficou escura.
Até os peixes já sabem:
você não ama: tortura.

Atirei um limão n’água
e caí n’água também,
pois os peixes me avisaram,
que lá estava meu bem.

Atirei um limão n’água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009


"Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, não, não estou desesperado, não mais do que sempre estive. Mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia, ela pára e pede, preciso tanto tanto tanto, cara..."

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Amor Secreto



Ama-la é uma condição por mim escolhida e por último sentida. Amo-a em minhas recordações, nos cantos mais obscenos da minha alma, nos vestígios deixados em cada contato ao telefone, nos sonhos e no acaso.
A mulher digna de ser chamado de minha vive em meu íntimo de forma enclausurada e sem saída. Tornou-se a peça indispensável do meu jogo sentimental reprimido e sem adversários.
Amo-a como se outra para amar não houvesse.

Se nos reencotrassemos após anos separados o abraço seria longo, o beijo na seria demorado como se quiséssemos recompensar os anos que não foram dados, as mãos não saberiam como se comportar, e os olhos, ah, os olhos não conseguiam fugir. Diriam entre si não suportar mais a distância imposta a eles.
Os sorrisos escancarados confirmariam a felicidade do encontro tão esperado.
As palavras ditas seriam neutras e insignificantes. Nem um eu te amo seria maior e mais importante que aquele olhar, o cheiro, a temperatura da pele, a respiração descompassada e a sensação de que ainda restava alguma coisa que deveria ser vivida.

O amor vem antes das palavras, das preferências, dos medos, vêm até antes de mim e antes dela. Toma minha frente, minha vergonha. Deixa-me na contramão em uma via de mão única.
Diante do amor não tenho o que fazer, seguir ou recuar são caminhos distintos, mas muito parecidos.
Escolhi ama-la mesmo que nossos caminhos não estejam ligados.